Chegou o momento para muitos jovens de fazer escolhas. Para alguns é fácil, sempre souberam o que queriam fazer quando fossem “crescidos”, para outros é bem mais desafiante esta tomada de decisão.
“Qual o curso universitário ou profissional que quero seguir?”
“Qual a universidade que devo escolher?”
No outro dia, estava a ver um filme e a história era de uma jovem, aluna do ensino secundário que assumiu, desde a morte do seu pai aos 12 anos, que queria estudar na universidade que o pai estudou e que sempre lhe deu boas referências!
Para isso teria que arduamente trabalhar o seu currículo, porque a admissão à mesma era realizada através de uma entrevista de competências. Estudou muito, fez voluntariado, realizou part-times, participou em grupos de estudo, sempre com um foco: Entrar “naquela universidade! “
Quando chegou à entrevista, muito bem preparada para responder às questões mais triviais, como: “Diz-me 3 qualidades tuas e um defeito?”, não soube responder às questões que a psicóloga lhe fez:
“Qual é a tua paixão?”
“O que é que te move?”
Um erro de comunicação conduziu-a à descoberta da resposta e a tantas outras competências que nem sabia que as tinha!
Tinha 3 meses para dar provas que merecia entrar “naquela universidade!”
E foi prova viva de que os sonhos comandam a vida, mesmo que os resultados depois nos levem a descobrir outros caminhos inexplorados até então.
Para isso precisou de aprender a dançar, aprendendo com alguém que já dança muito bem! Chamamos na psicologia aprendizagem por modelagem. Inspirarmo-nos, aprendermos com alguém que já domina determinada competência.
Pesquisou e analisou perfis de pessoas, de modo a formar a sua equipa de dançarinos;
Teve que desenvolver competências de liderança, motivando as pessoas através do melhor que cada uma tinha;
Precisou de pedir ajuda a um coreógrafo, esta competência é fundamental e deveríamos incentivar desde muito cedo as crianças a não sentir vergonha de pedir ajuda!
Precisou de se impor mais e até sair do registo de filha exemplar e estudiosa! Às vezes é preciso gerir as expectativas dos pais, que querem o bem dos seus filhos, mas que às vezes assumem uma influência que compromete esta escolha.
Precisou de muita, muita disciplina e sobretudo de coragem!
No final, esta jovem passou por todo um processo de autoconhecimento e exploração do seu potencial, descobrindo que afinal, o medo de experimentar coisas novas pode ser muitas vezes limitador!
Claro está que isto é um filme e que teve um final feliz!
Mas serve este artigo para partilhar a necessidade de sermos autênticos, de persistir no que acreditamos e gostamos, de viver experiências novas e desafiantes e desenvolver, com as mesmas, competências.
A propósito de competências, partilho os resultados do relatório de empregos para o futuro do World Economic Forum acerca das 5 soft skills mais importantes e que ajudam na hora da contratação ou na hora de escolher a nossa paixão. A questão é:
“Em que área, situações profissionais me vejo, no futuro, a dar resposta, usando estas competências?
- Resolução de problemas
- Pensamento crítico
- Criatividade
- Inteligência emocional
- Gestão de pessoas
Nos processos de orientação vocacional e de carreira questiono sempre às pessoas:
“Diz-me 3 palavras chave que te movem?”
Numa das sessões de orientação vocacional, uma jovem extraordinariamente inteligente dizia-me: “As minhas palavras chave são: Pesquisa, análise e direitos humanos”. O tomar consciência destas palavras servem para ajudar no processo de autoconhecimento e exploração de escolhas de curso.
Ainda durante o processo a mesma jovem acrescentou:
“Eu quero tanto ir para a universidade, mas tenho medo de não me adaptar ao curso e às pessoas!”
O medo de não conseguir a mesma performance estava a deixá-la ansiosa!
A ansiedade por antecipação já estava a tomar conta dela! Os medos, a insegurança são emoções naturais e que fazem parte deste processo de mudança, devem é ser identificados, trabalhados e auto-regulados para que não comprometam o processo de decisão.
Em boa verdade, o que esta jovem queria dizer é que toda a sua vida foi dedicada ao estudo e a conseguir tirar as melhores notas. A sua autovalorização era proporcional aos resultados excelentes do seu desempenho nas avaliações a que era sujeita, tal como a atriz do filme, o foco foi sempre obter os melhores resultados para entrar “naquela” universidade, sem pensar no mais importante “o que gosto de estudar e o que me vejo a fazer no futuro?” ou ir mais longe e responder à questão:
“Como quero ganhar dinheiro para a minha reforma?”
Termino este artigo a partilhar a ideia de Seth Godin, que disse que quando nos predispomos a descobrir, a explorar as “nossas paixões” e transformá-las no nosso trabalho é mais fácil do que encontrar um emprego que corresponda à nossa paixão.
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