
– Avó porque tens os olhos tão grandes?
– É para te ver melhor diz o lobo disfarçado de avó!
– Avó porque tens as orelhas tão grandes?
– É para te ouvir melhor minha netinha!
A grande maioria das pessoas conhece a história do capuchinho vermelho que vai levar os bolos à avozinha doente e quando chega a sua casa, depois de uma viagem animada, estranha a avó estar tão mudada!
Já te aconteceu de encontrares “lobos maus” no teu local de trabalho?
Já te aconteceu de estares chegares a casa e, até bem disposto(a), e de repente o teu/a tua companheiro(a) lançar-te um “ataque”?
Já te aconteceu de pensares: de onde vem isto, a propósito de quê, o que é que eu fiz?
Acredito que a maioria das respostas às perguntas que te fiz são um SIM claro e consistente, mas também inquieto, do género:“Sim, e como devo responder, como devo proceder neste tipo de situações que geram conflitos e discussões?”
É aqui que te revelo o que me tem valido ao longo de todos estes anos a dedicar-me ao estudo da comunicação, gestão de emoções e relacionamento interpessoal.
E à experiência que tenho desenvolvido nas minhas consultas ao trabalhar com a EFT – Terapia Focada nas Emoções:
São os 5 passos para promoveres uma comunicação assertiva, empática e efetiva, que te permitirá ter mais consciência de ti, do outro e da vossa relação.
1º.passo: Prioriza o relacionamento interpessoal
Pensa no tipo de relação que tens com a pessoa, observa os sinais verbais e não verbais da pessoa, avalia o estado emocional da mesma e o teu!
Reflete se vale a pena te chateares, se vale a pena gastares energia.
Questiona-te: Esta pessoa sempre foi assim, conflituosa? Se não, o que está a acontecer, o que pretende?
2º. Passo: Separa as pessoas dos problemas
Às vezes estamos tão centrados nos nossos próprios problemas que no processo de comunicação temos dificuldade de nos colocar no lugar do outro e tornamo-nos mesmo “lobos maus de nós próprios!
”Quantas vezes já te aconteceu de olhares para alguém, até nutres um sentimento positivo por essa mesma pessoa, mas nesse momento só sentes que ela é o lobo mau?
Que não te escuta, que não te compreende, que não te lê os pensamentos ou te responde às necessidades… às vezes é importante dizeres a ti próprio:
“Eu preciso de PARAR para perceber o que é que se está a passar? Que emoção é que eu não estou a conseguir gerir?”
3º.passo: Presta atenção às intenções positivas
No processo de comunicação temos tendência a reagir logo, às vezes de modo impulsivo/reativo, perdendo muitas vezes a razão! No entanto, as perguntas chave aqui são:
“Qual é a intenção desta pessoa para estar a reagir desta maneira comigo?”
“O que é que fiz de errado…, nada! Então o que se está a passar?”
“Qual é a emoção, qual é o sentimento que está em causa?”
Nas relações, nós e o outro, tendemos a projetar receios, inseguranças, frustrações, por exemplo: um colega de trabalho que sente ciúme da tua forma de ser, que tem medo que lhe tires o lugar pode assumir uma relação conflituosa contigo e nem sabes porquê.
Ponderas se é um problema teu, às vezes até ficas mesmo doente, mas na verdade não é! Nas relações amorosas quantas vezes surge uma discussão por não percebermos que a intenção positiva de alguém extremamente irritado, reativo pode ser simplesmente um grito desesperado por: “Preciso tanto de um abraço!”, mas a incapacidade de pedir e/ou expressar afeto “tolda” o comportamento, que muitas vezes acaba por não ser lido pelo outro, que se sente atacado e entram numa espiral desestruturada e conflituosa de comunicação.
4º.passo: Escuta e fala depois
Se deus nos deu dois ouvidos, dois olhos e uma só boca é para ouvir e ver muito mais do que falar.
Experimenta, treina o exercício de escutar até ao fim. São impressionantes os resultados que obtemos quando permitimos que o outro fale. Não só treinamos esta capacidade tão poderosa, como também induzimos no outro a sensação, a percepção de se sentir escutado, compreendido.
Afinal, o melhor comunicador é aquele que tem mais capacidade de escutar ativamente o outro!
5º.passo Explorem opções em conjunto
É importante dar real importância ao que está em causa no processo de comunicação, o foco nas soluções e não no problema, é premente que sejam respeitados os pontos de vista, que se façam questões exploratórias e estratégicas, que haja o assumir de compromissos nas estratégias identificadas a fim de se conseguir e chegar a “bomporto”.
Este processo acontece durante todo o processo terapêutico e é poderoso quando a pessoa se permite olhar para dentro, se permite olhar para o outro com outras lentes.
Finalizo este artigo com uma partilha riquíssima numa das terapias que acompanho:
“Realmente, nunca tinha pensado nisso! O meu marido passa muito tempo a trabalhar e eu chateada com ele, sempre a discutirmos, sem pensar qual o motivo que o leva a assumir este comportamento.
Não me apercebi, que sem querer, eu própria, através das minhas ações, dos meus comportamentos sempre lhe exigi uma vida de possibilidades e ele que não me queria desiludir, com medo de não ter dinheiro para me agradar fez com que a ansia de ganhar dinheiro se tornasse a sua principal obsessão.
E eu, sem capacidade de pensar, sem capacidade de o escutar, entendo agora que com esta consequência há coisas que o dinheiro não compra, como o tempo e o afeto! E isso eu tinha dele quando nos conhecemos!
Hoje consigo ter uma relação em relação ao dinheiro muito mais desapegada e ele relaxou mais, conversamos, definimos prioridades e o nosso casamento melhorou!”
Se te identificas com o que escrevi, se também tu sentes necessidade de refletir sobre as tuas relações, sobre como o teu estado emocional influencia o teu relacionamento interpessoal, sobre a forma como comunicas com o outro e os resultados que estás a obter, quero que saibas que eu estou aqui para te ajudar nessa caminhada até um lugar mais seguro e consciente.
Para que no final consigas lidar, de modo mais sereno e consciente, com os “lobos maus” da tua vida
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